quinta-feira, 31 de março de 2011

As penas

Um conto hasídico da Europa de Leste

Uma mulher de língua afiada foi acusada de espalhar um boato. Quando a levaram perante o rabi da aldeia, desculpou-se:
— Não passou tudo de uma brincadeira e não tenho culpa de que as minhas palavras tenham sido espalhadas por outros.
Contudo, a vítima exigia que fosse feita justiça, dizendo:
— As tuas palavras destruíram o meu bom nome!
A mulher retorquiu:
— Retiro o que disse e, assim, anulo a minha culpa.
Quando o rabi ouviu estas palavras, percebeu que a mulher não compreendia o alcance do crime que cometera. Disse-lhe então:
— As tuas palavras só serão desculpadas depois de fazeres o seguinte: traz a minha almofada para o mercado, corta-a, e deixa que o vento leve as penas. Depois, apanha cada uma delas e trá-las de volta. Quando tiveres feito isso, serás absolvida do teu crime.
A mulher concordou e pensou para consigo: “O velho rabi enlouqueceu de vez!” Mas, mal cortou a almofada, viu logo que as penas voaram para todos os cantos da praça. O vento levou-as para todos os lados, por sobre as árvores e para debaixo das carroças. A mulher bem que tentou apanhá-las mas, após muitos esforços, deu-se conta de que nunca as encontraria todas.
Foi ter com o rabi com algumas penas na mão e confessou:
— Não consegui apanhar as penas todas, tal como não consigo retirar tudo o que afirmei. A partir de agora, terei cuidado com o que digo, para não prejudicar os outros, pois não há forma de controlar as palavras, tal como não há forma de controlar o voo das penas.
E, a partir desse dia, a mulher só falava de forma bondosa de todos quantos encontrava.



Marian Wright Edelman
I can make a difference
New York, HarperCollins Publishers, 2005
(Tradução e adaptação)

terça-feira, 22 de março de 2011

Alma da minha Alma



Alma da minha alma,
Metade de mim,
Meu coração clama,
No centro de mim,
Pela metade da alma,
Que falta em mim.

Foi de mim rasgada!
Separada e levada!
Em outros corpos,
Andou encantada.
Sorriu e amou,
Cresceu e aprendeu,
Sofreu e chorou,
Noutros corpos morreu.

É hora de a lavar,
De qualquer vaidade!
É hora de voltar,
Sentimo-nos saudade!
É hora de integrar,
A nossa metade!



Fenix, 2011-03-22

domingo, 20 de março de 2011

Vem por aqui!


Cântico negro

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!


José Régio

sábado, 19 de março de 2011

Amor de pai


"Não há amor que mais facilmente perdoe, e mais benignamente interprete e dissimule defeitos, que o amor de pai."

António Vieira

sexta-feira, 18 de março de 2011

Felicidade


"Aquilo a que chamamos felicidade consiste na harmonia e serenidade, na consciência de uma finalidade, numa orientação positiva, convencida e decidida do espírito, ou seja na paz da alma."



(Lido algures na net)
Chegou ao fim das mensagens desta página?
Gostou do que viu?
Há muito mais para ver no arquivo deste blogue e nos meus outros blogues.

Aqui já em baixo está a lista de todas as mensagens deste blogue agrupada por temas. Para quem gosta do que vou escrevendo em verso têm os
Versos meus (com rima) e os Versos meus (sem rima). Para quem queira saber mais acerca de mim tem os Pedaços de Vidas Reais , etc.

Lá mais abaixo está o arquivo das mensagens deste blogue ordenadas por datas, a começar pelo princípiu, em Novembro de 2008. Foi um renascimento pois existiu (entre Julho e Outubro de 2008) um blogue que foi apagado.

Sinta-se convidado(a) a ver, ler, comentar.
Recebo e leio todos os comentários. Mesmo às mensagens antigas.

Seja bem vindo(a)!
:-)))

As apresentações (pps), os filmes, as músicas e outros ficheiros de outros formatos, como PDFs, DOCs e XLSs, publicados (ou não) nos meus blogues, vão também estando disponíveis no meu Skydrive.

O Citador

Citações de Temas Citações Soltas Citações de Autores

Homenagem a

Alexandre O’Neill

«Mesa dos sonhos»

Ao lado do homem vou crescendo
Defendo-me da morte quando dou
Meu corpo ao seu desejo violento
E lhe devoro o corpo lentamente
Mesa dos sonhos no meu corpo vivem
Todas as formas e começam
Todas as vidas
Ao lado do homem vou crescendo
E defendo-me da morte povoando
de novos sonhos a vida.


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Eça de Queirós

em "As Farpas" 1871

O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada.
Os caracteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte: o país está perdido!"


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Fernando Pessoa

ANÁLISE

Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
Fernando Pessoa, 12-1911


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Nem Sempre Sou Igual

Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma ...

Alberto Caeiro
O Guardador de Rebanhos

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Luis Vaz de Camões

Amor é...

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

GALERIA DE IMAGENS

Em homenagem aos que sofrem por causa do Cancro

Ofereço a todos os meus amigos e visitantes o código do laço rosa reluzente.

<img src="http://docs.google.com/File?id=dc6xjkpj_108hf3fq5gs_b"/>

Ofereço a quem a quiser levar


Código para copiar e colar em modo HTML:
<img src="http://docs.google.com/File?id=dc6xjkpj_2657dffpxz7w_b"/>

Código HTML do selo para o Dia da Mulher em tamanho pequeno:
<img src="http://docs.google.com/File?id=dc6xjkpj_2659c29qqwc7_b"/>

Ofertas da amiga Isabel do blogue Artista Maldito

Recebi estes selos sem qualquer regra para a sua re-atribuição.
Portanto sirvam-se meus amigos.
Levem os que vos agradarem para colorir as vossas "casas".
São ofertas do coração, tal como as recebi, com o coração.

Bem hajas amiga Isabel

Oferta da amiga Isabel do blogue Artista Maldito

Oferta da amiga Isabel do blogue Artista Maldito
Bem hajas Isabel

Oferta da amiga Isabel do blogue Artista Maldito

Oferta da amiga Isabel do blogue Artista Maldito
Bem hajas Isabel

Oferta da amiga Isabel do blogue Artista Maldito

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Bem hajas Isabel

Oferta da amiga Isabel do blogue Artista Maldito

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Bem hajas Isabel

Oferta do amigo do blogue MorTo Vivo

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Bam hajas Carlos

Oferta do amigo do blogue MorTo Vivo

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Bam hajas Carlos

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Bem hajas Carlos

Oferta do amigo do blogue MorTo Vivo

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Bam hajas Carlos

Oferta da amiga do blogue Compondo o Olhar...

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Bem hajas amiga

Oferta da amiga do blogue Compondo o Olhar...

Oferta da amiga do blogue Compondo o Olhar...
Bem hajas amiga

Oferta da amiga Mariazita

Oferta da amiga Mariazita
Bem hajas Mariazita

Oferta da amiga Mariazita

Oferta da amiga Mariazita
Bam hajas Mariazita

Oferta da amiga do blogue "Pelos caminhos da vida."

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Bem hajas amiga

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